terça-feira, 17 de julho de 2012

Movimento interessante, justamente contra certas práticas que vemos e vivenciamos no meio científico. Qualidade deve ser prioritário, valorar e valorizar. 
http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/08/11/manifesto-da-slow-science/

sábado, 7 de julho de 2012


Grande homem, poeta maravilhoso, político inteligente, ótimo advogado. Há uns 30 anos ouvi pelo rádio um juri onde ele advogava de um lado e Vital do Rego de outro. Guerra de gigantes, as pessoas assistiam, ouviam pelo rádio um juri. Não esqueço o show que ele deu nesse dia.
No seu primeiro governo como prefeito de Campina Grande, limpou o lixo da nossa cidade, criou o que hoje é o Parque do Povo, Recuperou nossas principais praças, como que começando a resgatar a auto-estima da população. Tinha grande amor por nossa terra, por nossa cultura, por isso que era tão querido pelo povo, que o fez político. Um dos seus melhores feitos foi a primeira eleição para Governador, com poucas chances de vitória soube persistir e angariou a simpatia da população pela força do discurso, geralmente rimado. A população de Campina, especialmente, se identifica muito com ele devido a esse amor sincero pela cidade, pois a maioria sente assim como ele sentia. Adeus Ronaldo, grande poeta, vá continuar vivendo sua evolução particular e, de acordo com o que disse "a morte está enganada, eu vou viver depois dela".


Habeas Pinho 


Na Paraíba, alguns elementos que faziam uma serenata foram presos. Embora liberados no dia seguinte, o violão foi detido. Tomando conhecimento do acontecido. o famoso poeta e atual senador Ronaldo Cunha Lima enviou uma petição ao Juiz da Comarca, em versos, solicitando a liberação do instrumento musical. 


Senhor Juiz.

Roberto Pessoa de Sousa  
 
O instrumento do "crime"que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.
 
Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.
 
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade.
 
O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam  a vida
E sufocam as suas próprias dores.
 
O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração.
 
Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.
 
Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão
 
Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno acoite
De suas cordas finas e sonoras.
 
Liberte o violão, Doutor Juiz, 
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
 
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?
 
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.
 
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.

 
O juiz Roberto Pessoa de Sousa, por sua vez, despachou utilizando a mesma linguagem do poeta Ronaldo Cunha Lima: o verso popular.  

Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação, 
Verbero o ato vil, rude e perverso, 
Que prende, no Cartório, um violão.
 
Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.
 
Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte á rua, em vida transviada, 
Num esbanjar de lágrimas sonoras. 
 
Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada, 
Venha tocar à porta do Juiz.